sábado, 13 de setembro de 2003

Do luxo à selva

Alvorada: 9:00. O objectivo era visitar o centro de Hollywood, Beverly Hills, Sunset Boulevard, Bel Air e toda a zona chique de L.A. Picámos qualquer coisa no supermercado ao lado da pousada e partimos para o L.A. tour. Percorremos um pouco Hollywood e partimos pela sunset boulevard em direcção a Beverly Hills e Bel Air, para as casas das celebridades. Bel Air é onde se concentram mais casas de famosos. O percurso foi interessante, mas a partir de determinada altura começou a ficar maçudo pela demorava do autocarro em frente às casas das celebridades para os chineses tirarem 30 mil fotos! Curiosamente, duas estrelas da música têm as casas bastante próximas – Mick Jagger e Elvis Presley! Depois, percorremos a Hollywood Boulevard. O kodak theatre, onde actualmente é realizada a cerimónia de entrega dos Óscares, não o palco da cerimónia desde o seu início. Foi em 1928 no Hotel Roosevelt Hollywood que se realizou a primeira cerimónia e pautou-se por um autêntico fracasso. Ninguém se compareceu no evento! Quem diria que iria ter o sucesso que todos sabemos? Entretanto, em Portugal já era dia 14, por isso era dia de “parabenizar” a Susana e o Nuno. Terminou o tour, recolhemos as mochilas e arrancámos para o aeroporto – Destination: Cook Islands. A viagem até ao aeroporto obrigava a apanhar o metro e o comboio durante cerca de 2 horas! Coincidência ou não, é a segunda vez que ando de transportes público e é sempre às “doses” de 2 horas! Isto realmente é um mundo….caótico no que respeita ao trânsito! Chegámos com muita antecedência. No aeroporto encontrámos um dos jovens ingleses que tinha ido connosco a Las Vegas. Se nós íamos para o pacífico sul, ele regressava a Londres. Conversa puxa conversa, partilhámos as nossas aventuras da volta ao mundo. A nossa, a começar e a dele, a acabar. A dele durou 80 dias, basicamente os 3 meses de férias que um estudante tem. Foram enriquecedores os momentos de conversa com ele no aeroporto, para compensar o pouco que falámos no tour de Las Vegas. Ali, enquanto nenhum de nós partia, pusemos a conversa em dia. Questionámo-lo sobre preços da sua viagem (1000 Libras), a agência onde comprou (STA) e qual a rota escolhida (London, Hongkong, Bangkok, Singapura, Multi Stop New Zealand, Fiji, Los Angeles). Uma vez que as nossas viagens tinham paragens em comum conversámos sobre todas elas e o que nos aconselhava a visitar, e … chegou a hora do voo dele. Com expectativa de encontrar Internet no aeroporto, a realidade foi crua e traduziu-se em apenas meia dúzia de lojas dutty free e nada mais havia a fazer. Para um aeroporto daquela importância e tráfego a coisa era fraquinha! Sentámo-nos na cafetaria a ver o tempo passar. Durante o tempo de espera, como habitual nestas andanças, aproveitámos para nos informar sobre as Cook Islands. A experiência anterior dos interrails diz-me que, os “tempos mortos”, de viagem entre cidades, deve ser aproveitado para recolher todo o tipo de informação do próximo destino, principalmente através da leitura das bíblias de viagem – let’s go e/ou lonely planet. Foi exactamente isso que despertou o interesse de um jovem ancião – o lonely planet sobre Rarotonga. O mote estava dado e começámos uma amena conversa sobre as nossas vidas. Ele era da ilha do sul da Nova Zelândia. Contou-nos o que devíamos ver nessa zona do país e as oportunidades a desfrutar na ilha do norte. Tal como nos tinha sido aconselhado pelo inglês há minutos atrás, este senhor confirmou que a ilha do sul é realmente a mais bonita, o que nos obrigará a repensar os “míseros” 6 dias na Nova Zelândia. Este simpático “jovem” estava de regresso a casa não deixando de reforçar a oportunidade que temos de fazer a volta ao mundo. Caso os europeus queiram conhecer a Austrália e a Nova Zelândia, têm que percorrer meio mundo para realmente ver aqueles 2 maravilhosos países, mas também, como é óbvio, o contrário se passa. Ele também fez 2 dias de viagem quando quis conhecer a Europa, de Itália até aos países escandinavos. A próxima vez dele será para uma visita ao norte mediterrâneo, da Grécia a Portugal. Por isso aconselhou: “não desperdiçar e a aproveitar o máximo possível desta benesse da volta ao mundo”. Voltar a este lado do mundo nunca mais acontecerá ou, para os mais sortudos, poucas mais vezes acontecerá, continuou. A idade é um posto e ouvimos atentamente os conselhos do “jovem”. No final pensei com os meus botões, “Assim o farei”. Embarcámos. Ao meu lado no avião está um inglês adepto do Manchester United que já falou do Cristiano Ronaldo, do Hugo Viana (!!!) e outros. Também vai para Rarotonga e ficará uns tempos a trabalhar na Austrália para daqui a uns meses (antes que a validade do bilhete da volta ao mundo acabe) regressar a Manchester. A viagem para Rarotonga não é directa, fizemos escala no Tahiti, lembrei-me do Nuno e da Claudia que, também aqui, fizeram escala para Morea, uma das ilhas do arquipélago do Tahiti. São 11 horas de diferença para Portugal tal como será em Rarotonga, nasce o dia cá e em Portugal está o sol a pôr-se…curioso! Os da TPI a trabalhar, os de Lavra a trabalhar, os da Universidade a trabalhar, os da Deloitte a trabalhar e eu e o Hugo aqui a divertir…A verdade é que estava no outro lado do mundo, estávamos nos antípodas. Parafraseando um excerto do filme “Lunes al Sol”: “Aquí hay trabajo, ala no! Aquí se jode, ala no”. Não me cansaço de repetir, neste tipo de viagens conhecemos bastantes pessoas, partilhámos experiências e opiniões, permitindo emendar algumas opções inicialmente feitas e (re)fazer melhor o itinerário. Encontrámos pessoas de todo o lado do mundo a fazerem a volta ao mundo (RTW – Round The World)! Posso ser o único do meu círculo de amigos, colegas e conhecidos, mas em todo o mundo sou apenas mais um…

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