segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Aquecendo os Motores

Curioso! Logo à saída de Lisboa, e por obra do acaso, cruzo com a Carla Dias. Seguia para o projecto da TPI (Telefónica Publicidade Información), vulgo "Páginas Amarelas Espanholas", em Madrid. Esse mesmo projecto onde estive praticamente um ano a "angariar" todo o capital para fazer a mochila e lançar-me na volta ao mundo. Fui invadido por todas as recordações desse tempo e dei por mim com um sorriso nos lábios. As noitadas, os fins-de-semana de muito trabalho, mas, também, os copos e muita diversão, os concertos dos coldPlay em Madrid e dos Rolling Stones em Barcelona, as escapadinhas pelas capitais europeias e acima de tudo a camaradagem e as amizades que por lá fiz. Ala Madrid!
A viagem à volta do mundo só começara em Londres, onde daí apanhámos o avião para as Américas. A viagem até Londres foi passada a devorar jornais do dia e revistas que tinham a leitura atrasada. A excitação havia vencido o sono e a ânsia de poisar na primeira cidade desta abertura deixava-me um nó no estômago.
Desenrasquei-me para chegar até à YHA Hostel em Oxford Street. O recepcionista era Português, (e não é o único pois, pelos vistos) há Tugas em todo o lado! Subi para o quarto onde esperei pelo Hugo que vinha de Madrid. Às 17:30, o Hugo chega e em emoção acorda-me: está a equipa junta para a aventura que se avizinha. Reparei no golpe feio que tinha no queixo. Não fosse a bebedeira comemorativa de véspera com o pessoal de trabalho ser tão animada. Valentes!
Só viajávamos no dia seguinte, pelo que dar uma volta por Londres nos pareceu um óptima ideia. Saímos em direcção ao cybercafé mais próximo. Ficava em Totthenham Court. O objectivo era confirmar a estadia em Rarotonga, nas Ilhas Cook, pois a pouca oferta existente poderia resultar numa possível barreira à entrada no País. Infelizmente, na outra ilha do atol – Aitutaki, não tivemos tanta sorte e decidimos adiar a marcação. Já em Trafalgar Square, comprei o Let’s Go Califórnia. Esta é uma das minhas bíblias de viagens preferidas que já me acompanhou nos inter-rails à Europa de Leste e à Grã-bretanha, e continuará a figurar no topo da lista dos guias de viagem. Enquanto vagueávamos pelo soho, escolhemos um restaurante indiano – Chowki, para jantar. Muito bom e, para o nível de vida Londrino, nem considerei muito caro (15Libras). Depois de jantar puxa sempre um belo copo. Dois gins tónicos foram suficientes para desfrutar de um bom momento no Revolution. Quando fiz o inter-rail no ano anterior já tinha ficado com vontade de lá voltar. A decoração, música e ambiente ficara-me na memória. Conseguimos (re)encontrá-lo e passámos uma boa meia hora de conversa sobre as nossas expectativas para a viagem. A conclusão foi unânime: aproveitar todos os momentos como se fossem últimos, pois um sonho só acontece uma vez! Seguiu-se Ronnie Scott, um dos mais famosos jazz clubs… As bandas tocavam ao vivo e um deles era norte-americano (George Fame), a letra das suas músicas fascinou-me. Uma delas, até se referia a um amigo Português que tinha de longa data. Os portugueses são verdadeiros marcos na vida!
Londres fascina-me. Não sendo a primeira vez que cá estou, acho que hoje ainda mais impressionado fiquei. Não sei se influenciado pela emoção da aventura que se avizinha, ou por outra coisa qualquer, mas aqui as pessoas são "todas diferentes, todas iguais". Não se incomodam com quem partilham o metro, o lugar do autocarro ou os passeios para o trabalho, como diriam os madrilenos, "cada um vai à sua bola". Esta cidade de tão grande e cosmopolita que é, encanta-me definitivamente!
Não sabia se conseguiria escrever tudo o que me passava pela alma, não sabia se tinha muito jeito para escrever, mas a vontade de deixar escrito tudo o que senti fez com que continuasse a escrever.
Amanhã será outro dia. E que dia! O início da tão desejada Volta ao Mundo em 40 dias.

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