segunda-feira, 15 de setembro de 2003

Welcom e to Paradise…

Despertar: 8:30.
Para pequeno-almoço servimo-nos das sobras da jantarada de ontem. Foi salada de pasta e soube bastante bem! A “bíblia” já tinha informado, um dos backpackers confirmou e a Rebecca aconselhou, tínhamos que visitar Aitutaki. Saímos em direcção ao centro para saber preços de voos e estadia. O saldo final ficou em 254 NZD para o voo por pessoa. Comprámos os bilhetes de avião, mas a dormida teve que ser adiada. Fomos à aventura. Ainda não foi desta que conseguimos reservar a pousada que nos aconselharam no Rarotonga Backpackers. Mas a ilha é pequena e muito provavelmente não haveria dificuldades em encontrar alojamento, por isso avançámos à confiança. À terceira será de vez!

Aproveitámos a ida ao centro e, como resultado das diversas influências até então, alterámos o tempo de permanência na Nova Zelândia. De modo a optimizar a visita à ilha do sul, adiámos para dia 27 a saída de Christchurch, inicialmente prevista para dia 25 de Auckland. Assim, estaríamos 6 noites exclusivamente na ilha do sul.

O avião para Aitutaki partiria às 2:00 da tarde. Voámos na Air Rarotonga. A capacidade do avião era para cerca de 14 pessoas e em menos de uma hora aterrámos em Aitutaki. A vista lá de cima sobre a ilha é verdadeiramente fenomenal, linda, excêntrica, divinal, e todos os outros adjectivos que não me recordo agora! É realmente um paraíso, água azul, a ilha verde, as praias brancas (sou daltónico vi estas cores, sim!). Era lindo, lindo! Aitutaki lembra um triângulo constituído por diversas ilhas e rodeado por uma barreira de corais. A norte a ilha maior tem cerca de 20 km2. A perfilar o triângulo existem os restantes ilhéus criando, no meio do triângulo, uma espécie de lagoa, com água cristalina completando a visão paradisíaca que se tem do avião. Estava um sol radioso, as praias ladeadas de palmeiras, o mar azul, tudo se conjugava para que realmente nos sentíssemos no paraíso…
O autocarro que fazia o transfer do aeroporto até aos (poucos) hotéis da ilha ajudou-nos a encontrar poiso. A recomendação que trazíamos dizia Paradise Cove. O autocarro parou em frente a um local relativamente familiar com uma cabana em frente ao mar! Um letreiro informa Take the shoes off. Não deixa de ser curioso, num país com poucas condições e com um nível de vida bastante baixo, ser uso corrente retirar o calçado à entrada (suponho que) por questões de higiene. Procurámos alguém que nos atendesse e nos informasse das condições da estadia. A recepção era no mesmo local da sala de estar, da cozinha e da casa de banho comum! Infelizmente não apareceu ninguém, o Paradise Cove parecia o Paradise Lost! Restava-nos regressar ao autocarro. Quando tudo parecia perdido avistámos uma vivalma e fomos a correr ao seu encontro. Perguntámos se havia disponibilidade para 2 pessoas, mas só havia cabanas junto ao mar. Perfeito! Por apenas 3 contos numa cabana junto ao mar numa ilha linda de morrer. Não desfazendo, a companhia é que podia ser outra, sei lá mais feminina… But, no worries! A partir dali restava instalarmo-nos, desfrutar e usufruir daquele momento. A dádiva de poder estar numa ilha com toda aquela beleza. A água do mar parecia sopa. O sol bombástico contribuía para ganhar uma ligeira tonalidade. A praia deserta. Tudo parecia retirado de um postal. E nos dias que correm esses postais tornam-se cada vez mais raros.

Chegou a hora do jantar. Decidimos ir ao recanto vizinho. A comida era óptima e fomos servidos em fartura: frango caseiro e peixinho do Pacífico. Ao nosso lado decorria uma festa de aniversário. Festejavam-se os 21 anos de um nativo. Com a habitual alegria e simpatia ofereceram-nos amavelmente um pedaço do bolo. O jantar de aniversário terminou com o discurso de familiares e amigos. Apesar da maioria falar Maori, muitos falavam em inglês e deu para perceber que o jovem se estava a emancipar (aos 21 anos!). Legalmente ele está livre, estava no direito de sair da ilha, se assim o entendesse, de modo a procurar melhores condições de vida. Todos tomaram a palavra e a mensagem que lhe davam era sempre a preocupação de que nunca se esquecesse dos pais, avós, familiares e amigos que deixaria em Aitutaki. Caber-lhe-ia decidir o que fazer dali para a frente, mas no fundo nunca poderia esquecer as suas raízes.
Engraçado, mais de 15.000 km de distância de casa, no mais humilde país e na mais modesta família existem valores iguais. Não é preciso percorrer meio mundo para os validar, nem para sentir a importância da família e dos amigos. Não é preciso percorrer meio mundo para confirmar o sentimento de pertença. Mas, depois de percorrer meia Europa e depois de percorrer meio mundo garantimos que, esses são verdadeiramente os nossos valores. E que vão estar connosco até ao fim.
O jantar terminou! Todos nos vieram cumprimentar. O mais alto responsável da ilha, algo tipo governador, também estava presente. Contrariamente, aos restantes habitantes, já tinha viajado bastante, até mesmo pela Europa. E claro, tinha um amigo português!!!! Conversa puxa conversa, partilhou-nos que somos os primeiros portugueses a pernoitar nesta pousada de Aitutaki. A pensar pela amostra e pelos comentários muito provavelmente poucos mais portugueses já estiveram por Rarotonga e Aitutaki. Em grande!



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